sábado, 14 de março de 2009

Ainda Platão

Caros Alunos

Aqui fica mais um texto que, espero, vos aguce a curiosidade sobre o autor.

"A REPÚBLICA (Politéia), que Platão compôs entre 380 e 370 a. C. Nesta obra ele questiona sobre a sociedade ideal por meio de diálogos sobre leis.
Orientou-se no sentido de determinar como constituir uma sociedade justa. Como tal não existem na realidade, os participantes se dispõe então a imaginá-la, bem como determinar sua organização, governo e a qualidade dos seus governantes. Para Platão, a educação (paidéia) seria o ponto de partida e principal instrumento de seleção e avaliação das aptidões de cada um. Sendo a alma humana (psikê) um composto de três partes: o apetite, a coragem e a razão, todos nascem com essa combinação, só que uma delas predomina sobre as demais. Se alguém deixa envolver-se apenas pelas impressões geradas pelas sensações motivadas pelo apetite, termina pertencendo as classes inferiores. Prevalecendo o espírito corajoso e resoluto, seguramente irão fazer parte da classe dos guardiões, dos soldados, responsáveis pela segurança da coletividade e pelas guerras. Porém se deixando o individuo guiar-se pela sabedoria e pela razão é obvio que apresenta as melhores aptidões para integrar-se nos setores dirigentes dessa almejada sociedade.
A Justiça (dikê) é aqui entendida não como hodiernamente se entende, como uma distribuição equânime da igualdade, mas como a necessidade de que cada um reconheça o seu lugar na sociedade segundo a natureza das coisas e não tente ocupar o espaço que pertence a outrem.
Percebe-se que o filosofo não pretendia como muitos interpretes afirmavam abolir as classes sociais, e sim teve ele intenção de reformar o sistema de classes estabelecido pelas diferenças de renda e patrimônio (ricos, pobres e remediados), substituindo-o por um outro baseado nas atribuições naturais com que cada um é dotado(razão, coragem, apetite).
Os conflitos e as guerras civis que para a sociedade é tenebrosa devem-se na maior parte das vezes ás diferenças entre ricos e pobres, o que provoca uma instabilidade permanente na sociedade. A sociedade ideal, perfeita, só é possível suprimindo-se com a desigualdade entre os cidadãos, cabendo ao Estado confiscar toda a riqueza privada fazendo dela um fundo comum utilizado somente para a proteção coletiva. O ouro não sendo de ninguém em particular, sendo tesouro estatal, não poderá ser usado para provocar a discórdia e a inveja, tão prejudicial à paz social.
O casamento monogâmico deveria ser abolido, sendo substituído por cerimônias núpcias coletivas, cujo objetivo é meramente reprodutivo. Assim, os filhos deste tipo de casamento seriam da comunidade. A razão disso é que o filósofo via na existência das famílias como então eram compostas, ordenadas em poderosos clãs, um fator impeditivo para chegar-se à harmonia, visto que, muitas vezes, o egocentrismo delas, os interesses particulares dos clãs conflitava-se abertamente com os interesses gerais da pólis. Platão sugere que esses casamentos coletivos não sejam aleatórios e se façam preservando as características de cada classe, o que fatalmente levaria, em curto prazo, à formação de um ordenamento social dividido em castas (a dos filósofos, a dos guerreiros e a do povo comum). Nesta sociedade, as mulheres, tal como já ocorria em Esparta, não sofreriam nenhum tipo de discriminação, condenando qualquer diferença entre os sexos. Elas fariam todas as tarefas em comum com os homens, bem como prestariam serviço militar, acompanhado os regimentos à guerra. Ele acreditava que a presença delas nos campos de batalha aumentaria a valentia dos soldados, pois eles não desejariam passar por covardes frente aos olhares femininos.
Um dos aspectos mais conhecidos e polêmicos da utopia de Platão é o que trata dos governantes (arcontes), pois para ele a sociedade ideal deveria ser governada pelos filósofos, ou pelo filósofo-rei, porque somente o homem sábio tem a inteira idéia do bem, do belo e da justiça. Consequentemente, ele terá menos inclinação para cometer injustiças ou de praticar o mal, impedindo os governados de se rebelarem contra a ordem social.
Platão era adepto da teoria da transmigração ou do eterno retorno das almas, fenômeno conhecido como palingenesia. Tudo o que existe aqui no mundo real, em nosso mundo, não passa de uma projeção materializada do mundo das idéias que está bem além da nossa percepção sensitiva, conservando-se nele todas as formas que existem (tantos os objetos, tais como cadeiras e mesas, como as idéias morais). Nosso corpo, ao morrer, faz com que a alma (psikê) se desprenda dele e flutue em direção ao lugar celestial onde se encontram as idéias ou formas (o tópos ouranós). A alma dos filósofos, dos homens amantes do saber, é a que mais se aproxima deste mundo, percebendo então na suas plenitudes, mais do que as almas das gentes comuns, as idéias de bondade, beleza e justiça. É exatamente esta qualidade da alma do homem sábio é que o torna mais qualificado para ser o governante da sociedade perfeita."

Fonte: http://pt.shvoong.com/social-sciences/1777158-rep%C3%BAblica-plat%C3%A3o/

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